ela acordou magoada com o que 2017 não lhe trouxe. mas abriu a janela, deixou o ar entrar, a luz tocar-lhe no rosto e acompanhou o chilrear e voo dos pássaros, despreocupados, a irem e a virem. e percebeu que, assim como eles largam o pouso seguro, também era hora de soltar o velho, mesmo que o peito aperte.
então inspirou, expirou, e percebeu afinal que não lhe seria possível largar, transformar e abrir-se ao novo sem o que 2017 lhe manifestou. por isso, agradeceu o ano e decidiu, no novo, ser grata todos os dias. o desafio não era novo mas, auto-definido e imposto deste modo, pareceu-lhe difícil, quiçá inoportuno e incerto. mas, se a resolução de ano novo é desapegar e fluir, então a gratidão valeria certamente mais do que uma lista de resoluções.
e lançou-se como os pássaros, lá na nossa página de fabebook e instagram com #dia1 e #desafiodagratidão, para marcar os compassos desse voo. acredita que a gratidão não a deixa demorar-se em lugares de dor e lhe traz uma maior presença, coloca tudo em perspetiva e relativiza, subtrai superficialidades e soma bênçãos, eleva a consciência e acalma a alma. e, se o peito aperta e lhe diz “medo”, abraça o ar e, como os pássaros, lembra-se que não tem de ver o caminho todo.