saio de casa pela manhã com uma lista de tarefas interminável para cumprir. despejo o lixo, tomo café, apanho roupa na lavandaria, entro na farmácia, faço uma compra numa loja de eletrodomésticos, peço uns arranjos numa costureira, procuro o semanário esgotado na papelaria habitual, compro pão, passo pelo supermercado, levanto dinheiro, tomo outro café, combino com família o almoço para domingo, tiro o número de telemóvel da janela de um apartamento que avisa “aluga-se”, recapitulo na memória a lista de tarefas, tento não deixar nada para depois, deixo coisas para depois. e, no meio deste caos doméstico, reparo no ar que respiro, sinto o quente do sol, espreito o brilho do mar e adivinho que, depois de arrumações, depois do almoço, poderei parar numa esplanada para saborear o tempo, para repousar, para recuperar uns poucos minutos com alguém com quem já não estou há muito ou comigo mesma, embrenhada na paisagem, em leituras ou na escrita.
um dia de sol como este merecia ser melhor aproveitado. um dia de sol como este lembra-me que, por vezes, dava tudo para ter uma empregada que se encarregasse de todo este rebuliço doméstico. mas hoje – e só hoje conta – alegro-me e sou grata por me ver neste rebuliço. por sentir a vida em movimento, a fluir, a ir e voltar.
ajuda ter uma agenda feita de amor a organizar-nos o dia. ajuda aceitar o que não se pode mudar.
que agenda bonita para um ano com dias, momentos bonitos*
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parecida com uma outra que nos acompanhou na vida académica 😉
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