este sábado acordei a lembrar-me que os últimos meses do ano foram tramados, desarranjando rotinas, sobretudo os bons hábitos em prol da minha saúde física, mental e emocional. pensei em recomeçar nesse preciso momento, a partir desse lugar de preguiça e imperfeição. aposto que não estou sozinha nesta intenção, então este artigo é para ti…
comecei por preparar um copo de água com sumo de meio limão para beber ainda em jejum, consciente que temos de começar por algum lado e, quando este copo virar rotina, dou outro passinho em matéria de alimentação. não tem mal começar por algum lado, por um só lado, enfim, começar é tudo o que precisamos. talvez nem aches boa ideia esta bebida em jejum ou desacredites nos seus benefícios, mas podes sempre beber um copo de água para iniciar o dia com hidratação, certo? ou talvez até aches isso boa ideia mas (que chatice!) não tens limão em casa: então começa por fazer uma lista de compras!
depois fui buscar o meu tapete de yoga. tenho um espaço reservado para isso mas, de momento, está lá frio (raio por que se fazem casas sem isolamento!). estendi-o então no meio da sala, mas os gatos logo se apoderam do cenário para brincarem às escondidas. podia ter desistido? podia, mas já percebi que, dentro de nós, há uma voz que nos empurra para fora deste jogo e nós, altivos e serenos, podemos escolher somente observá-la e ignorá-la, levando mais a sério aquilo que nos corre no coração. depois é só desmanchar as contrariedades: comecei por rir-me e brincar com os gatos – consigo bem imaginar-me a fazer o mesmo com crianças pequenas – e, já com essa dose de boa disposição extra, estendi-me eu sobre o tapete e comecei a minha prática, o mais simples e intuitiva possível.
cinco dicas
como tudo isto começou a funcionar para mim, no que respeita a adquirir novos hábitos, sejam eles para o corpo, a mente ou a alma?
1. observação e registo de rotinas num diário, caderno ou agenda
quando, numa fase inicial, orientada por Susana Neves da Saala Yoga, registei as horas a que acordava e me deitava, as refeições que fazia e como me sentia no final de cada uma delas ou mesmo os estados físicos, mentais e emocionais antes e após práticas novas, foi quando conheci essa voz-louca-disfarçada-de-contradição e passei a lidar com ela; percebi também o quanto as minhas refeições eram monótonas, pouco nutritivas e em pouco contribuindo para uma maior vitalidade. registar traz clareza sobre os aspetos a mudar, além de motivação para o fazer. depois é mantermo-nos presentes e vigiarmo-nos todo o tempo.
2. dar um passo de cada vez
um clichê mas é bem verdade! se serve para um plano de negócios, obras em casa, evento familiar… então por que havia de ser diferente? avança consoante os teus objetivos, prioridades e tempo disponível; vê isto como um processo e não tentes chegar a todo o lado ao mesmo tempo; vai somando hábitos pelo caminho, mas também subtraindo conforme o que fizer sentido para ti e o valor que isso acrescenta à tua vida. sem pressas e ao teu ritmo. e, mais uma vez, apoia-te no teu diário, caderno ou agenda: ajuda irmos registando cada hábito numa espécie check list, para lhes darmos tempo (de entrarem no nosso quotidiano) e não os esquecermos (ou os retomarmos quando – ups! – já os tinhas esquecido).
3. aceitar e ser flexível a mudanças
tudo muda, então o que faz sentido para ti hoje, pode não o fazer amanhã. então não exijas tanto de ti e não sejas perfecionista, que isso só gera ansiedade. talvez sejas mãe e passes as noites em claro, então vive plenamente o que a maternidade te pede ou faz da amamentação um ato de meditação. talvez não tenhas tempo para fazer yoga, mas tens alguns minutos para te focares na respiração num intervalo do trabalho. aqui também vale a máxima “conhece-te a ti mesmo”: respeita os teus próprios ciclos, pois há tempo para recolher e tempo para agir… então se, como eu, tens uma doença crónica, entenderás que há dias em que uma maratona de filmes será melhor que um treino.
4. diverte-te neste processo
é suposto tudo isto contribuir para o teu maior bem-estar e não ser um massacre, um peso, muito menos uma pressão de fontes externas. faz porque sentes que o queres fazer, precisas de o fazer e te dá gozo! eu não bebo sumos verdes ou como saladas coloridas porque me dizem que são alcalinas mas porque me delicio com elas e me dão energia. então segue o teu caminho sem julgamentos, remorsos, comparações ou culpas. pergunta-te: isto dá-me prazer e contribui para a minha felicidade?
5. ignora-me…
… se nada disto fizer sentido para ti, porque afinal cada um de nós tem tempos e necessidades diferentes. eu não vivo estes hábitos a 100%, nem ninguém que te inspire nas redes sociais é perfeito como te faz crer. chega de clichês: não tens que ser uma melhor versão de ti própria à procura de um qualquer propósito… só tens que ser tu.