ele sentiu a doença, o anúncio da partida, a morte dela. em todos os momentos, ele também adoeceu e nós a achar “curioso” e nunca a prestar atenção ao que estava de facto a acontecer. ele, mais do que nós, que corremos médicas e tratamentos, que passámos noites em claro, que chorámos e dissemos em voz alta o tanto que tudo nos doía, sofreu, quase sozinho. e ele também a precisar de ser internado, “logo agora, “que chatice”. ele, mais do que nós a ver e a sentir tudo.
agora o sei. e, por isso, agora que aceito a partida da minha Pantufa, resta-me um tormento: o que entenderá o Ursinho disto tudo? entenderá que ela apenas partiu e não o abandonou?
este verão, levei-o à campa dela, lá no quintal da minha mãe, e ele começou a miar. e é isto que me doí. além da saudade. além dos cantos da casa mais vazios.