quando te olho assim, vejo-te sempre pela metade. a metade do que já foste. a metade do que já partiu. a metade do que ora me faz feliz ora me dói.
eu sei que somos todos metades. eu sinto o peso de estar assim, partida. e vermo-nos assim só me tem feito questionar tudo. nada entender. largar e deixar ir.
talvez tudo esteja a ser como pedi e, presa aos detalhes, não esteja a ver o cenário inteiro. talvez estas luas estejam a limpar-me a vida do que já não me serve e, apegada à matéria, sofra desnecessariamente. talvez.
mas eu já não lhe resisto, à decepção. e permito-me mergulhar nela, não me fugir, e ser assim, afinal, inteira: desilusão e esperança, descrença e fé, intuição e desconhecimento. sombra e luz.