vou querer ver-te de pés descalços a sentir a terra. não importa que esteja húmida e que te sujes ou que não seja plana e que te desequilibres… porque vou querer ver-te a procurar o equilíbrio e a testar-lhe as pegadas. deixarei também que afagues as flores, sem as amachucares, só para lhes sentires o cheiro, a textura, a cor… saber-lhe os nomes. não importa que percas o chapéu no meio das flores. eu também perdi um chapéu no meio da terra, de palha, de madeira, de labirintos que eu própria criava com as minhas pegadas. chorei o chapéu. mas não me lembro de chorar por falta de ar, de recreio, de mimo, de atenção, de brinquedos, mesmo que apenas existissem na minha imaginação. vou querer-te assim, religada e sob a cumplicidade do olhar dos teus irmãos gatos.