tudo o que os podia separar era o que mais os aproximava. ele dava-lhe um chão quando ela queria asas para voar e ela dava-lhe asas quando ele não queria sair do chão. ele colocava-lhe perguntas quando ela achava ter todas as certezas do mundo e ela lançava-lhe dúvidas quando ele achava que não havia nada para questionar. neste vaivém doce-amargo, perceberam que os caminhos de um e de outro iam-se cruzando, sempre criando novas oportunidades de se conhecerem, evoluírem, crescerem, manifestarem quem são e o que querem ser. a sombra sempre lhes revelou luz. a terra sempre lhes colocou o mar no horizonte.
intimamente sabiam que tinham tudo para já não estar juntos. mas eles ficaram ao lado um do outro quando gritaram “diferença”, como se houvesse corda e nós invisíveis a amarra-los. se escolheram ali estar, tinha de haver um propósito, tinha de haver um propósito, há um propósito.