saudade… essa palavra sem tradução para outras línguas. é saudade o que sinto quando olho para o Caminho, para o que mais me conduziu a mim mesma e me ensinou a olhar para dentro e para o melhor de mim. saudade do frenesim abafado entre sombras e murmúrios de quem acorda com o sol ainda tímido e escondido atrás das montanhas que terá de atravessar. saudade do ar puro da madrugada, do chilrear dos pássaros, do cheiro a terra, do calor a invadir o corpo, do roçar da mochila nas costas, do peso dos pés contra o chão. saudades de rir-me perdidamente com a(s) companheira(s) de viagem nos momentos mais quilhados e de muito pouco juízo. saudades de mergulhar o cansaço em fontes e de trocar palavras entre olhares e silêncios.
mas esta saudade não é sofrida, triste, amarga, cinzenta… não é fado. é antes alegria viva e contagiante que flui em mim e continua a conduzir-me em frente. é luz, é amor, é liberdade a correr-me nas veias… é um total desfado. porque nunca será nostalgia, passado, privação… porque aqui e agora continuo Caminho e para aquele outro, que fica em território espanhol, apenas lanço um simples e breve “até já”.