espadas ao alto

pés. essa parte do corpo a que ninguém liga, que todos escondem ou enfeitam, mas que acolhe todo o nosso peso, nos suporta, nos liga à terra, nos conduz ou ameaça deixar de conduzir. foram os pés, essas criaturas esquecidas, que mais a ameaçaram em 2012, quando voltou ao Caminho de Santiago, ao percurso Português, a si, ao centro de tudo. são dores que não se esquecem, sofridas, que quase a derrubaram. ficaram-se no “quase”. de quando em vez ainda ousam falar-lhe. por isso ela recorda o que escreveu nessa altura, nesse ano… porque são dores que já não a assustam, apenas a mantêm desperta, para que não baixe a espada, não baixe a espada, não baixe a espada.

“Somos os meus pés quando para aqui andamos distraídos e esquecidos, como se não soubessemos medir a importância e a beleza dos lugares e dos momentos.

Somos os meus pés quando nos lembramos dos quilómetros já feitos e tememos os que ainda há para percorrer. E quando o peso do corpo e da alma se faz sentir. Então aí somos uns pés a flamejarem dor, a despontarem bolhas, a revelarem sangue pisado.

Mas somos os meus pés sobretudo quando continuamos caminho, mesmo na fragilidade, acolhendo todo o sonho. E, depois do sonho, tudo o que nos resta.”

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