ela perguntava-se se devia escrever, o quê, para quem, para quê. e desconfiava sempre da vontade e deixava-a ao abandono da memória de páginas em branco ou linhas sofridas debaixo de tiquetaques incessantes. mas uma pena atravessou-se-lhe no Caminho de Santiago. pensamentos, muitos pensamentos a tolherem-lhe a ação: que tolice, ora essa, é só uma pena… quis o Caminho fazer-se de penas nesse dia – “acorda!”
e ela acordou. aceitou que a pena lhe pertencia, guardou-a num diário e nunca mais deixou de escrever.