etapa II: dazón
podia ter feito menos sete quilómetros para aqui chegar. escolhi o trajeto mais longo e difícil. passei por trilhos estreitos quase cobertos pela vegetação, feitos de pedra gasta nos séculos pelos passos de tantos peregrinos rumo a Compostela. subi e desci montanhas, quase em modo escalada. passei por um peregrino de bicicleta na mão, porque há sempre quem tenha a coragem de não se desviar do Caminho mais primitivo e genuíno para se fazer às retas e alcatrão das estradas. tudo para ver um mosteiro. tudo atrás de uma promessa: “terás um mosteiro só para ti.” – era o que estava escrito no mapa que trazia comigo, impresso do blogue “Meia bota, bota e meia“.
tive o mosteiro e tive quase a tocar o céu, com toda uma cordilheira no horizonte. e o que fica não são os quilómetros a mais de esforço… é a vista, a beleza da paisagem, a pureza do ar que se respira, o sol a queimar a pele, as borboletas voando à nossa volta. e a pena de quem teve pressa e escolheu o trilho mais fácil. e o medo de errar na escolha da próxima vez que houver setas a apontar para diferentes direções.