etapa 0: ourense
ponto de partida. borboletas no estômago e noite mal dormida. ter consciência da inconsciência do porquê de ali estar. estar ali apenas porque se sabe – acredita-se – que vamos ter respostas. mas respostas a que perguntas?
ainda nesta inconsciência, o tudo começa a acontecer-nos ao acordar. são os rituais mais quotidianos dos peregrinos que nos despertam para esta realidade: a de estar no Caminho de Santiago. acordar sendo ainda noite lá fora, com o burburinho de quem, no escuro, arruma o saco-cama e acondiciona tudo cuidadosamente na mochila de que dependerá nos próximos dias. andam para lá e para cá, com a frouxa luz de lanternas. e isso não incomoda, antes deixa-nos um sorriso na cara. não há sono, antes todo um acordar sereno, sem pressas, sem despertadores, ao ritmo da batalha que lá fora se trava entre a noite e o dia. acorda-se mesmo. estamos despertos.